
Eu, filho do carbono e do amoníaco,Monstro de escuridão e rutilância,Sofro, desde a epigênesis da infância,A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,Este ambiente me causa repugnância…Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsiaQue se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —Que o sangue podre das carnificinasCome, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,E há-de deixar-me apenas os cabelos,Na frialdade inorgânica da terra!
Augusto dos Anjos
Nacionalidade: Brasileiro
Ocupação: Poeta, professor. Formou-se em Direito, mas nunca advogou.
Ocupação: Poeta, professor. Formou-se em Direito, mas nunca advogou.
Escola/tradição: Pré-modernismo, Modernismo
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